Artigo de opinião

Quem tem medo de envelhecer?

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Muito se fala no medo de envelhecer, o preconceito e a grande exclusão com as pessoas na terceira idade.
Muitas pessoas ficam deprimidas quando perdem o viço e a jovialidade, acham que agora seu tempo acabou e que não há mais tempo para novos projetos ou novos sonhos.
Envelhecer é uma benção negada a muitos. Só não envelhece quem morre cedo e não aproveita a fase da maior experiência e maturidade. A velhice também é um estado de espírito. Conheço velhos com 20 anos de idade. Daqueles bem rabugentos, ranzinzas e inflexíveis, cansados para tudo e que não suportam novidades ou mudanças.
Aliás tem uma geração aí que deve ter vindo direto do umbral, pois nunca vi tanta gente novinha, mal-humorada, azeda, depressiva e mimizenta. Nada é bom o suficiente e desperdiçam boa parte do tempo a reclamar, colocar defeito e teorizar conceitos abstratos do politicamente correto sem nunca ter posto nada em prática. Parece que já nasceram velhos. Não tem alegria e vivem como zumbis.
Fico imaginando que somar idade, nem sempre quer dizer experiência de vida. Uma pessoa que passa 10 horas por dia na frente de uma televisão, internet ou qualquer outra coisa, poderá chegar aos 80 anos de idade, especialista em programas de televisão e em saber da vida alheia. Não quer dizer necessariamente que adquiriu conhecimento, cultura, espiritualidade e sabedoria.
As pessoas estão envelhecendo mais rápido. Não vivem de fato, apenas existem, colocaram a vida no piloto automático, e só repetem velhos padrões, ou o que os outros fazem.
Quando vemos idosos abandonados, nos parte o coração. Por vezes é revoltante e refletimos até que ponto o ser humano é egoísta a ponto de descartar os familiares quando são vulneráveis ou no momento que mais precisam de todo amor e dedicação.
Então vos pergunto? Quais laços de amor são estabelecidos? Quais os vínculos afetivos que foram criados? Ninguém nutre sentimentos por pessoas ausentes. Ninguém supera mágoas de pessoas que passaram uma vida a rejeitar, subestimar ou maltratar.
Acredito na lei cármica de plantio e colheita, imagino que as pessoas vão colher o que fizeram ou deixaram de fazer.
Uma reflexão bem difícil e sem interesse em julgamentos, mas de abandonar o sentimento do coitadismo e refletir sobre a própria experiência dos vínculos, das prioridades do cotidiano e das pessoas que atraímos e repelimos.
Nossa existência com certeza é um grande resgate de polimento de almas e ajuste de contas. Quantas pessoas desperdiçam uma vida inteira sem experimentar o amor de fato?
O que tem plantado te assusta ou te conforta?

Silvana Maldaner
19.04.2022

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