Entrevistas

Entre Passos e Emoções: a empreendedora que dança na educação e na psicologia

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“Minha infância foi marcada pela dança clássica, uma paixão que cultivo desde os 4 anos”. Assim que iniciamos a nossa entrevista com a Beatriz Isaia. Criada em um ambiente familiar movido pela arte, criatividade e cultura, Bia, como também é conhecida, percebeu que a sua paixão pela dança se tornou parte integrante da sua vida. Hoje, aos 57 anos, carrega alguns títulos no seu currículo pessoal e profissional:

O primeiro deles é o de mãe e avó; tenho 3 filhos e 1 neto. O segundo, que muita gente não sabe, é que além de bailarina, sou psicóloga. Me formei há 15 anos pela Universidade Paulista – UNIP. Atuei com plantão psicológico, instituições para idosos, e tive meu próprio consultório, o qual estou retomando em 2024 com meu parceiro de vida e agora também profissional. Sigo o legado da minha família, que sempre foi apoiadora e incentivadora da cultura na cidade, sendo presidente da Associação da Orquestra Sinfônica de Santa Maria e dirigindo ambos o Projeto Social Dançando para Educar e o Ballet Ivone Freire.

Quais os momentos mais marcantes da carreira como bailarina?

Além do início da minha vida de bailarina, aos 4 anos no Ballet Ivone Freire – tive a oportunidade de poder dançar muitos ballets de repertório clássico, como “O Lago dos Cisnes”, “Quebra-Nozes”, “Les Sylphides”, “A Bela Adormecida”, “Dom Quixote”, entre outros, no grupo de dança da Professora Eleonora Oliosi, primeira bailarina do Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Isso me proporcionou conhecimentos que aplico hoje no meu Projeto Social e na escola Ballet Ivone Freire. Atualmente, com 15 anos de projeto social e 10 anos como diretora do Ballet Ivone Freire fico feliz e entusiasmada com o trabalho que foi desenvolvido; hoje construímos montagens de ballet de repertório, ballet de criação que é fruto do trabalho didático que vem sendo feito.

Você possui um projeto social que agregou sua carreira de dança com a de psicologia. Conte sobre o projeto, como ele atua, local, quem participa.

Por meio do curso de psicologia, compreendi que a dança pode ser um instrumento poderoso para proporcionar às crianças e jovens o estudo e a formação do ballet clássico, com foco na educação, no desenvolvimento pessoal, na autoestima, na expressão criativa, na integração sociocultural e na formação biopsicossocial de cada aluno. O projeto Dançando Para Educar oferece aulas gratuitas de ballet clássico há mais de 15 anos em Santa Maria, e já formou bailarinos que participaram do projeto. As aulas têm como objetivo promover o desenvolvimento pessoal, a autoestima e a expressão criativa das crianças e jovens.

Algumas de nossas alunas, que ingressaram no projeto quando criança, já se formaram em Dança pela UFSM e estão atuando como professoras e coreógrafas. Todo início de ano abrimos vagas no projeto para novos alunos, onde o critério de ingresso é ser estudante da rede pública de ensino e estar com 7 anos completos.

Você também é psicóloga. Por que a escolha desse curso?

Sim, sou psicóloga e a escolha desse curso foi motivada pelo meu profundo interesse nas pessoas e no funcionamento da mente humana. A psicologia oferece uma abordagem única na compreensão do ser humano em sua totalidade, considerando não apenas os aspectos emocionais e mentais, mas também os sociais, culturais e biológicos.

Escolhi a psicologia porque acredito na importância de promover o cuidado com a saúde mental e emocional das pessoas, e encontrei nessa área uma forma de contribuir positivamente para a vida de outros, enquanto também enriqueço a minha própria jornada pessoal e profissional.

Optei por seguir essa carreira porque acredito profundamente na importância de contribuir de maneira positiva para a saúde mental das pessoas. Nos dias de hoje, enfrentamos inúmeros desafios e estresses que podem afetar significativamente o bem-estar emocional de indivíduos de todas as idades. Como psicóloga, tenho a oportunidade e a responsabilidade de oferecer suporte, orientação e ferramentas para que as pessoas possam enfrentar esses desafios.

Como foi unir as duas paixões em um projeto? O que você acredita que a psicologia agrega na atuação como professora?

Unir as duas paixões – dança e psicologia – em um projeto foi uma jornada enriquecedora e desafiadora, e que trouxe uma profundidade única à minha prática como professora e orientadora. Acredito firmemente que tanto a dança quanto a psicologia desempenham papeis fundamentais no desenvolvimento humano.

A psicologia agrega na minha atuação como professora uma compreensão mais profunda das emoções, dos processos mentais e do comportamento dos estudantes. Além disso, me capacita a adotar uma abordagem mais individualizada no ensino, reconhecendo e respeitando as diferenças individuais de cada pessoa. Isso significa estar atento às necessidades emocionais e cognitivas de cada um, adaptando minha metodologia de ensino para atender às suas necessidades específicas, promovendo assim um aprendizado mais eficaz e significativo.

Ao unir a dança e a psicologia em meu projeto, busco não apenas ensinar técnicas da dança clássica, mas também promover o desenvolvimento pessoal, emocional e social dos meus alunos. Acredito que a dança é uma forma poderosa de expressão e autodescoberta, e a psicologia fornece as ferramentas e o entendimento necessários para explorar essa dimensão mais profunda da experiência humana.

Além da dança, você atua como psicóloga com foco na maternidade, gestação, parto e puerpério. Nos conte como funciona esta área.

Além da minha carreira na dança, também atuo como psicóloga com foco em maternidade, gestação, parto e puerpério. Estou em formação de especialização em psicologia perinatal e da parentalidade, pelo Instituto MaterOnline. Esta área da psicologia é crucial para apoiar as mulheres e suas famílias durante os períodos que envolvem a gestação, parto e pós-parto. A psicologia perinatal concentra-se no suporte emocional e psicológico durante essa fase única e desafiadora da vida.

É importante esclarecer o que significa psicologia perinatal, pois ainda existe certa falta de compreensão sobre esse campo específico. A psicologia perinatal aborda as necessidades emocionais e psicológicas das mulheres grávidas, dos pais e das famílias, desde a concepção até o segundo ano após o nascimento do bebê. Este período engloba não apenas a experiência da gestação e do parto, mas também a adaptação à parentalidade e todas as mudanças significativas que ocorrem durante essa transição.

A perinatalidade oferece um espaço seguro e acolhedor para as mulheres explorarem seus sentimentos, preocupações e desafios relacionados à maternidade. Além disso, se estende ao apoio aos pais e famílias, ajudando-os a navegar pelas mudanças e desafios emocionais que surgem durante a transição para a parentalidade. Isso inclui fornecer orientação sobre questões de relacionamento, comunicação eficaz, coparentalidade, estresse parental, adaptação à nova dinâmica familiar, entre outros aspectos.

É importante destacar que a psicologia perinatal e da parentalidade é uma área em constante evolução, com pesquisas e práticas clínicas continuamente desenvolvendo-se para melhor atender às necessidades das mulheres e suas famílias durante esse período crítico de suas vidas.

Perspectivas para atuação em 2024.

No que diz respeito ao Projeto e Ballet Ivone Freire, teremos 5 espetáculos ao longo do ano; convido os amantes da arte a acompanhar. Também estarei atuando com a psicologia perinatal e o acolhimento das gestantes, famílias e rede de apoio durante a jornada da maternidade e parentalidade na clínica Dr. Cláudio Sityá – onde está disponível uma gama multidisciplinar de profissionais, incluindo orientação, acolhimento e psicoterapia – e deixo também o convite para que façam uma visita.

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