
O câncer de Próstata (CaP) é a neoplasia mais frequente entre os homens, sendo superada apenas pelo câncer de pele. Esta doença afeta um em cada seis homens e permanece com a segunda causa de morte por câncer entre os homens. Segundo o INCA (Instituto Nacional do Câncer) são estimados cerca de 72.000 novos casos, anualmente, entre 2023 e 2025, no Brasil.
A doença surge com o envelhecimento e tem seu pico de incidência em homens aos 60 anos, podendo acometer mais de 70% dos homens após os 80 anos.
Apesar de toda a evolução no diagnóstico e tratamento do câncer de próstata, cerca de 20% dos homens apresentam doença avançada no momento do diagnóstico e aproximadamente 25% deles morrem em decorrência desta neoplasia.
O novembro azul, é uma campanha que serve a estimular os homens a consultarem um urologista e discutirem os problemas que afetam a saúde masculina, e dentre estes o câncer de próstata.
Os homens devem ser incentivados a realizar uma avaliação anual das doenças da próstata, tentando desta forma evitar que pacientes sejam diagnosticados com câncer de próstata com doença avançada, o que impossibilitaria formas de tratamento curativo e exporia estes homens aos riscos e complicações da doença disseminada, bem como custos elevados para tratar esta doença.
Como fatores de risco para o desenvolvimento desta doença, podemos citar: a idade como principal fator. A história familiar de câncer de próstata antes dos 60 anos (pai e/ou irmão com câncer de próstata) e a síndrome metabólica (Hipertensão arterial,
diabetes e dislipidemia) estão fortemente associados a aumento de risco para esta neoplasia, bem como na raça negra a incidência
também aumenta.
Uma dieta rica em frutas, legumes, verduras, grãos e cereais integrais, com baixo teor de gordura (principalmente a animal) parecem exercer um fator protetor na gênese do câncer de próstata.
O câncer de próstata evolui de forma silenciosa, não dando sintomas (o paciente não tem queixas relacionadas a este tumor). Na grande maioria dos casos o diagnóstico é feito nas fases iniciais da doença, o que permite uma forma de tratamento curativo ao
paciente.
O paciente só vai apresentar queixas quando a doença for metastática (disseminada pelo corpo) ou quando ela for localmente avançada (o tumor cresceu envolvendo outras estruturas como a bexiga, uretra e outros), sendo que nestas fases, os tratamentos
são de alto custo e paliativos.
É importante salientar que sintomas como: levantar a noite para urinar, fazer força para urinar, urinar várias vezes durante o
dia e/ou a noite, perder urina (incontinência urinaria), retenção urinária (não conseguir urinar) estão na imensa maioria das vezes
relacionadas à hiperplasia benigna da próstata que é, após os 50 anos de idade, a doença mais comum na próstata, sendo que a mesma deve ser avaliada, diagnosticada e tratada para evitar futuras complicações.
Segundo a Sociedade Brasileira de Urologia, está indicada a avaliação da próstata dos homens a partir dos 50 anos e naqueles que apresentam história familiar de câncer de próstata a partir dos 45 anos. Sempre deve se discutir com os pacientes os prós e os
contras: da avaliação, do diagnóstico precoce ou tardio, e dos tratamentos contra o câncer de próstata.
A avaliação é feita através da dosagem no sangue do PSA (antígeno prostático específico) e do exame físico (toque retal).
Cerca de 30% dos homens que tem câncer de próstata, os níveis de PSA estão dentro de valores considerados normais e estes
tumores são mais agressivos, O exame físico vai auxiliar a identificá-los, permitindo que um tratamento possa ser instituído.
Os homens em geral, devem reavaliar a próstata anualmente e em casos de maior risco pode ser feita a cada seis meses. Aqueles pacientes que foram operados da próstata, por doença benigna (hiperplasia), devem fazer a reavaliação da próstata seguindo os mesmos critérios, como se não tivessem sido operados.
Na suspeita de câncer de próstata (PSA aumentado ou Toque retal alterado), o paciente deve ser submetido a uma Ressonância
Nuclear Magnética (RNM) Multiparamétrica, exame que avalia melhor a próstata e evita uma parcela de biópsias desnecessárias, e ao mesmo tempo identifica lesões com maior chance de serem um tumor de próstata clinicamente significativo.
Após realizar a RNM, e persistindo a hipótese de CaP, o paciente vai ser submetido a biópsia da próstata guiada pela ultrassonografia transretal (US TR). Atualmente a biópsia pode ser feita com auxílio da técnica de fusão de imagens (RNM + US) para melhorar a acurácia deste diagnóstico, ou ainda com utilização de técnica transperineal.
Confirmado o diagnóstico do CaP, o paciente deve realizar o estadiamento da doença (avaliação para identificar se o tumor está
localizado, localmente avançado ou disseminado), para só então determinar o tipo de tratamento que será utilizado.
O melhor entendimento dos tumores de próstata (através a utilização da RNM multiparamétrica e as biópsias direcionadas a
estas lesões) possibilitou individualizar e classificar a doença (Cap de baixo grau e CaP de alto grau) e determinar o melhor tratamento para estes pacientes.
A escolha do tratamento leva em conta muitos parâmetros, dentre os quais: idade, doenças associadas, expectativa de vida, estadiamento clínico, bem como a agressividade do tumor.
Nos casos em que o paciente é classificado com doença de baixo grau, após preencher vários requisitos, e ampla discussão com ele, o paciente pode ser incluído no programa de Vigilância ativa, onde ele é acompanhado, refazendo exames em períodos predeterminados e a qualquer sinal de progressão da doença, ele vai ser tratado (lembramos que uma parcela destes pacientes em curto espaço de tempo vai acabar realizando algum tipo de tratamento, como cirurgia, radioterapia ou outros).
Aqueles pacientes com câncer de próstata de alto grau, doença localizada e expectativa de vida maior que 10 anos, devem ser
tratados. Nestes casos a cirurgia: prostatectomia radical (retirada completa da próstata e vesículas seminais) ainda permanece como
a melhor opção para o tratamento destes. Em alguns casos específicos, podemos utilizar a radioterapia como primeira opção.
Atualmente, a Cirurgia Robótica estabelece um grande avanço no tratamento, e quando realizado por equipe experiente, traz ao paciente todos os benefícios da cirurgia minimamente invasiva (menor tempo de hospitalização, recuperação mais rápida…) e vislumbra um futuro com melhores taxas de potência e continência urinária, quando comparado a técnicas convencionais. Ao passo que, se a cirurgia robótica for realizada por equipe sem experiência, as complicações podem ser maiores e mais graves, do que as complicações decorrentes uma cirurgia realizada por técnica convencional.
Em pacientes com doença localmente avançada e/ou metastática, devemos associar profissionais como oncologistas e
radioterapeutas para tratar estes tumores.
Está bem estabelecido, que a melhor forma de prevenir as complicações do câncer de próstata é fazer o diagnóstico precoce
e tratá-lo adequadamente. Lembrando sempre, que a conduta a ser adotada deve ser discutida com o paciente, informando todos os
prós e os contras: da avaliação, do diagnóstico precoce ou tardio, e dos tratamentos contra o câncer de próstata.
Dr. Alberto Stein – CRM 19575
Médico Urologista
Mestre e Doutor pela UFRGS
Certificação em Cirurgia Robótica pela Sociedade Brasileira de Urologia
Titular da Sociedade Brasileira de Urologia
Membro da Associação Americana de Urologia (AUA)