Mundo Afora

Uma conferência estremecedora no Marrocos

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Vive bem quem tem história para contar.

Imagine você viajar para apresentar um trabalho num congresso e inesperadamente viver a experiência de estar no meio de um terremoto. Assim, foi a viagem de Flavi Ferreira Lisboa Filho, Pró-Reitor de Extensão da Universidade Federal de Santa Maria – UFSM. Ele, que já visitou 28 países, nesta edição, compartilha sua última viagem ao Marrocos, com destino à Marrakesh, onde passou por momentos de tensão com os tremores que ocorreram durante sua estadia na cidade, durante  a 10ª Conferência Mundial dos Geoparques UNESCO.

Marrakech tem um povo habilidoso na prática comercial, acolhedor, com uma cultura milenar, mas que padece com as desigualdades. Mesmo assim, eu voltaria, tal qual fiz este ano. Seu povo, os suques, as muralhas, os jardins, as mesquitas, os palácios, os riads, os museus, a gastronomia, o artesanato, o deserto marcam nossa experiência e me fazem querer retornar. 

A cidade vermelha, cuja arquitetura em tons terrosos faz jus à coloração! É uma das maiores cidades do país, tem sua economia calcada no turismo e está localizada ao sopé da imponente Cordilheira Atlas. 

Na Conferência fiz a comunicação de duas pesquisas: “Geopark and cultural heritage: a proposal for a Digital Interpretive Center for the Quarta Colônia and Caçapava UNESCO Global Geoparks” e “Communication and Extension in the Quarta Colônia UNESCO Global Geopark: popularization of science and promotion of citizenship in the territory”. 

Nossa assistência foi marcada pelo reconhecimento de dois territórios gaúchos com a outorga do certificado de Geoparque Mundial da UNESCO para a Quarta Colônia e para Caçapava do Sul. 

Trabalho de fôlego realizado pela UFSM através de muitos docentes, técnico-administrativos em educação e estudantes dedicados à extensão universitária e à transformação social. Um esforço dessa envergadura é feito com muitas parcerias e cabe destacar a Prefeitura Municipal de Caçapava do Sul, a Universidade Federal do Pampa e o Consórcio de Desenvolvimento Sustentável da Quarta Colônia, além das comunidades envolvidas. 

Cabe ressaltar que do Brasil, apenas os Geoparques Quarta Colônia e Caçapava, foram certificados, juntamente com outros 16 do mundo todo! 

O evento aconteceu no Complexe Culturel Mohamed VI des Habous, recentemente inaugurado, e a acolhida foi excepcional! O cuidado, a atenção com que fomos recebidos, além das trocas e partilhas, certamente enriqueceram nossa experiência.

Foi uma experiência intensa, pela ampla programação da Conferência e as possibilidades de networking, e tensa por termos vivenciado um terremoto. Lamentável foram as consequências do terremoto, principalmente, para as pessoas menos favorecidas.

Não entendi ao certo o que estava acontecendo, afinal não temos experiência em terremoto. Mas, quando vi as pessoas desorientadas, correndo em qualquer direção, muita poeira no ar, sirenes de polícia, seguidas das de ambulância, impossível não ser tomado por um estado de preocupação e insegurança. Com o passar das horas informações começaram a chegar e ficávamos sabendo pela mídia estrangeira o que estava acontecendo, assim como a gravidade da situação. Terremotos, na escala em que ocorreu, não são comuns por lá também. 

A delegação brasileira saiu fisicamente ilesa e fomos atendidos pela representante da UNESCO-Brasil, que também participava do evento e pelo embaixador do Brasil em Marrocos. No momento do tremor eu estava na praça Jemaa el-Fna, uma das mais famosas da África e centro da atividade comercial, localizada na Medina – Centro Histórico.

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