
Projeto da UFSM atende 60 crianças com superdotação
O projeto de extensão GEIM – Grupo de Enriquecimento das Inteligências Múltiplas é vinculado ao GPESP – Grupo de Pesquisa Educação Especial: Interação e Inclusão Social, e coordenado pela professora Tatiane Negrini, docente da UFSM. Tem como objetivo desenvolver uma proposta de enriquecimento extracurricular ao estudante com altas habilidades/superdotação, a fim de enriquecer e suplementar o ensino escolar, explorando as inteligências múltiplas, contribuindo na orientação da família e da escola.
O projeto foi registrado e iniciou suas atividades em 2016, sendo inspirado em ações anteriores de um projeto de extensão chamado PIT – Programa de Incentivo ao Talento, coordenado pela professora Soraia Napoleão Freitas, que se aposentou da UFSM. Acreditando na proposta do atendimento educacional aos alunos com altas habilidades/superdotação, é criado o projeto GEIM, evidenciando ações que envolvem este público.
Os estudantes com altas habilidades/superdotação têm direitos educacionais garantidos na legislação nacional, no entanto nem sempre estes direitos são efetivados nas práticas educacionais, já que para isso eles precisam ser identificados e, em muitos casos, isso não tem se efetivado, acarretando na invisibilidade desses estudantes. Eles possuem características como capacidade acima da média, envolvimento com a tarefa e criatividade (RENZULLI, 2016). Assim como podem apresentar características de liderança, habilidades nas áreas interpessoais, corporal-cinestésica, lógico-matemática, entre outras, que lhes são muito particulares. Estas habilidades podem se dar em diferentes áreas, sejam elas gerais ou específicas. Desse modo, destacamos a importância de observar estes indicadores, para que estes alunos possam ser estimulados, seja por meio do enriquecimento intracurricular, ofertado em sala de aula, ou extracurricular, ofertado na Sala de Recursos Multifuncionais na própria escola ou em articulação com a Comunidade e/ou Universidades.
As crianças e jovens chegam ao projeto, o qual é uma forma de enriquecimento extracurricular, por indicação das famílias, de professores ou outros profissionais que os acompanham e percebem e/ou identificam características de altas habilidades/superdotação. O projeto é indicado para alunos com características de altas habilidades/superdotação, já avaliados ou em observação.
O projeto é desenvolvido aos sábados pela manhã, no Centro de Educação – UFSM, quinzenalmente, e são realizadas atividades de enriquecimento que visam estimular os potenciais apresentados pelos estudantes. A cada ano são organizados grupos de interesses, que contemplam variadas áreas do conhecimento e buscam ofertar aos participantes conhecimentos que suplementam o currículo escolar, que os desafiem, que os façam produzir novas reflexões, tornando-os ativos e protagonistas no processo de aprendizagem. O projeto conta com uma equipe de colaboradores, os quais são professores da UFSM, profissionais externos, estudantes de pós-graduação e acadêmicos de diferentes cursos, os quais voluntariamente se dispõem a desenvolver suas atividades.
No ano de 2023 estão sendo ofertados grupos de interesses nas áreas da Robótica, Artes, Biologia, Games e Biodiversidade, além de um grupo específico para crianças menores de 6 anos.
Como uma importante frente de ação encontra-se o trabalho junto ao grupo dos familiares, coordenado pela professora Andréia Jaqueline Devalle Rech, uma vez que enquanto os estudantes participam do projeto, as famílias possuem um grupo específico, para estudos e trocas de experiências. No trabalho com as famílias, procuramos promover um espaço de escuta e diálogo para orientá-los a respeito das singularidades presentes em seus filhos, incluindo características emocionais, sociais e de aprendizagem. Também, buscamos desconstruir possíveis rótulos como, mini gênios, para que eles compreendam que ter um filho com indicadores de altas habilidades/superdotação requer uma importante rede de apoio, e a família deve ser a base que sustenta essa rede.
Além disso, dialogamos com os familiares a respeito dos direitos educacionais de seus filhos para que eles tenham acesso as políticas públicas educacionais que amparam o enriquecimento curricular, por exemplo. Outro elemento chave no grupo das famílias é o sentimento de pertencimento, pois ali se reconhecem nos relatos que são muito similares e, sentem que não estão solitárias nessa caminhada: a busca pelo conhecimento e a efetivação do atendimento aos seus filhos, para que cresçam felizes e fortalecidos emocionalmente. Por fim, mas não menos importante, estimulamos que as famílias construam um trabalho de colaboração com as escolas de seus filhos para que juntas planejem ações que contribuam para a inclusão escolar do filho/estudante com altas habilidades/superdotação.
Outra ação promovida pelo GEIM é a orientação aos profissionais das escolas as quais os estudantes com altas habilidades/superdotação encontram-se matriculados. Desse modo, a cada ano são desenvolvidas ações de formação continuada e orientações com as escolas dos participantes, a fim de se formar uma rede de apoio para os estudantes com altas habilidades/superdotação.
Entendemos que são muitos os desafios que estes estudantes ainda apresentam para sua inclusão no contexto escolar, especialmente a ampliação dos conhecimentos sobre o assunto, a formação dos professores, como possibilidade de romper com representações equivocadas que circulam sobre o assunto.