Nossa Palavra

Nossa Palavra – Março 2023

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Neste mês da mulher, fizemos uma edição toda recheada de boas histórias e bons exemplos de mulheres que fazem e acontecem. Teria mais uma centena de mulheres inspiradoras, maravilhosas e iluminadas que fazem um trabalho lindo em prol da sociedade e que poderíamos contar suas histórias. Ainda tem muitas para contar. A cada ano, apresentamos mulheres diferentes. Mulheres da justiça, mulheres empresárias, médicas, dentistas, esportistas, artistas, educadoras, psicólogas. A mulher pode ser o que quiser. E mudar a profissão ou os rumos de sua história quando bem entender.

Tenho muito orgulho de ter nascido mulher. E principalmente da mulher que me tornei. Venho de uma família de mulheres que sofreram muito. De uma realidade que hoje não concebemos.

Minha mãe, Maria Lori Maldaner, só conheceu seu pai com quase 2 anos de idade pois ele havia sido convocado para a guerra. Nasceu num período de muitas dificuldades, numa casa rural de apenas mulheres, com bisavó cega, sem energia elétrica, sem telefone e sem nenhuma comunicação da guerra. Aos dez anos de idade já cuidava com a responsabilidade de adulto parte dos doze irmãos menores e trabalhava na lavoura. Queria ser freira para poder aprender a ler, mas mulher não precisava estudar, não tinha necessidade né?                                                                                                                                                                                                                                                       Quando lembro da história da minha família e vejo que fui a primeira a ter acesso ao ensino superior, vejo que só ali quebrei todas as barreiras do analfabetismo e do machismo que vivemos.

Passamos ainda todos os dias por provações de nossa capacidade e de comentários do tipo fulana é casada com cicrano, ou é filha de fulano, como se ainda precisássemos de um avalista ou de uma escora para ter sucesso e prosperidade.

Parece impossível, mas apenas na Constituição de 1988 que ficou expressa o direito de igualdade para a mulher trabalhar, constituir empresa e fazer negócios sem a necessidade de pedir autorização ao marido. Apenas 35 anos de emancipação. Surreal né gente?

Tenho muita gratidão da família que me ensinou a trabalhar e de que não precisamos esperar ajuda de governo e de favor de ninguém para crescer, apesar de todas as dificuldades. Respeito não se conquista berrando, diminuindo outras pessoas ou mostrando os peitos na praça pública.

Quando me chamam para palestrar sobre mulheres empoderadas, sempre digo, o nosso poder vem da liberdade de pensamento e da flexibilidade em administrar conflitos. Somente o conhecimento e aprendizado fazem sair da zona de conforto ou do estereótipo de sexo frágil.

Posso citar milhares de mulheres pobres, pretas, brancas, amarelas, que tinham tudo para serem as vítimas da sociedade e das pessoas de má índole, mas que venceram a si próprias pela sua inteligência emocional e por sua luta de superação dia a dia. Ser mulher, com vida profissional competitiva, com desafios e responsabilidades que as carreiras exigem, administrar relacionamentos, família e filhos é um grande desafio. Saber equilibrar a culpa de algumas ausências e elencar prioridades para entender que não somos onipresentes, nem em casa e nem na empresa, nos ajuda muito e nos fortalece.

Muitos nãos recebemos na vida. Muitas críticas. Muitos comentários de que não seríamos capazes. Mas o tempo é um senhor bem justo. Coloca tudo no seu devido lugar. E hoje, aprendemos a desligar para opiniões de fracassados ou de pessoas que não fazem a menor diferença na fila do pão. Tudo depende da importância que damos para algumas pessoas, coisas ou fatos.

Por isso, um viva para todas as mulheres que quebram as barreiras e que não desistem de seus sonhos. Uma vida plena de conquistas e realizações. Cada uma com sua caminhada, sua trajetória e suas vitorias pessoais. Pois no final das contas, não competimos com ninguém a não ser com nossas próprias limitações.

Viva o dia Internacional da Mulher!

Silvana Maldaner
Mãe de duas filhas, casada, empresária,
empreendedora, entusiasta, viajante e curiosa. Formada em
comunicação social, especialista em comunicação, mestre

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