
Mas afinal o que é a tal liberdade?
Seria o direito de ir e vir? Parece algo tão simples e comum, mas só entendemos sua importância quando nos furtam deste direito básico. Tivemos uma pequena amostra grátis nos dois últimos anos, quando crianças eram proibidas de brincar em praças ao ar livre, pessoas eram algemadas em praias e diversos outros episódios horripilantes em nome do bem comum de alguns governantes tiranos.
Em nome da ciência já foram queimadas mulheres em fogueiras. Em nome da ordem pessoas foram enforcadas em praça pública e aplaudidas por plateias alienadas. Milhares de cristãos foram jogados aos leões e serviram de circo e entretenimento para os antigos gregos e romanos. Por mais de sete séculos era culturalmente aceito como normal esta selvageria desumana pelo simples descumprimento ou descontentamento da ordem real.
Entender a evolução dos homens, das leis, das novas necessidades jurídicas e novas interpretações é somente para poucos mesmos. Presenciamos hoje, em pleno século 21 aberrações jurídicas e entendimento ideológico por parte de magistrados e legisladores.
Alguns indivíduos deste país devem se sentir os próprios reis encarnados com toga.
Usam a caneta para definir novas regras se achando acima da constituição nacional. Nem questiono valores morais e éticos, reflito sobre decisões jurídicas e a utilização de seus cargos para fazer militância política. Nem vou comentar o exemplo da juíza gaúcha que queria determinar a proibição do uso da bandeira nacional no período eleitoral.
Pelo amor de Deus, não há o que não apareça neste novo circo atual. Os atores diversos se confundem achando que a sua pessoa ou cargo são a própria democracia. E não faltam papagaios defendendo estas atrocidades.
O termo democracia surgiu em Atenas na Grécia, designava que a forma de governo deveria contemplar os interesses coletivos. O povo sendo soberano. A maioria decidindo pelo voto igualitário. O voto do analfabeto, do bandido, do presidiário tem o mesmo peso que os trabalhadores, intelectuais e os próprios políticos.
O livro de Norberto Bobbio, “O futuro da Democracia”, foi minha primeira leitura sobre este complexo tema, lá nas aulas de sociologia, há 28 anos atrás. Bobbio fez um compilado das transformações da democracia dos últimos 40 anos, no caso até 1986, lançamento da obra. A crítica que Bobbio fazia era sobre as promessas não cumpridas e os contrastes do que se fala e do que se faz depois que se tem o poder.
Segundo ele, direito e poder são duas faces da mesma moeda. A questão é, um governo dos homens ou um governo das leis?
Era instigante este italiano que morreu em 2004.
Enquanto não ceifarem nossa liberdade de pensar, ainda há uma luz no fim do túnel.
O problema vai residir quando a grande maioria não pensar mais e seguir apenas no que querem que acreditemos, reagindo como nos espetáculos da idade média, atirando pedras e paus, aplaudindo a desconstrução humana.
Nesta edição especial jurídico, temos o privilégio de apresentar artigos dos mais variados temas, e de excelentes profissionais que representam a advocacia de Santa Maria.
Parabéns aos homens e mulheres que honram o cumprimento das leis, e que acima de tudo, conseguem realizar o seu oficio com dignidade e sabedoria para amenizar as dores e impactos das injustiças jurídicas.
Silvana Maldaner – Mãe de duas filhas, casada, empresária, empreendedora, entusiasta, viajante e curiosa. Formada em Comunicação social, especialista em comunicação e mestre em engenharia de produção.